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Diário da Manhã
Goiânia, 28 de novembro de 2009 | Edição nº 8056 Busca:

Diabetes
l Entidade médica divulga documento que avaliza três métodos cirúrgicos que combatem a doença do tipo 2 l Procedimentos mais novos, como o desenvolvido por profissional goiano, são apontados como promissores
28/11/2009
Médico Aureo Ludovico, responsável por técnica cirúrgica que trata pacientes com diabetes do tipo 2A SBCB (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) divulgou no início da noite de ontem um documento com posicionamento oficial sobre a cirurgia para tratamento do diabetes. O consenso, baseado em evidências científicas, pretende nortear o uso da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes.
“Foi discutido e revisado tudo o que já se sabia e tinha sido observado na prática clínica’’, diz Thomas Szegö, presidente da SBCB. “Os benefícios da cirurgia nos diabéticos já eram observados, mas nunca havia sido feita uma discussão científica dessa maneira.’’ “Há uma melhora da doença mesmo sem (o paciente) perder muito peso’’, observa Antonio Carlos Lerario, da Sociedade Brasileira de Diabetes.
O documento foi assinado com as sociedades americanas de diabetes e de cirurgia bariátrica, e será publicado no American Journal of Surgery. Segundo o texto, a cirurgia bariátrica pode ser indicada no tratamento de pacientes diabéticos tipo 2, dependentes de insulina, com IMC (índice de massa corporal) acima de 35. Para quem tem IMC entre 30 e 35, a cirurgia provavelmente será benéfica quando o indivíduo não conseguir controlar a doença por outros meios. Para pessoas com IMC abaixo de 30, a operação não é indicada.
Pelo consenso, apenas três técnicas devem ser realizadas nesses casos: derivação gastrojejunal, banda gástrica e derivações biliopancreáticas. Procedimentos mais novos, como gastrectomia vertical, exclusão duodenal e transposição ileal (técnica inventada e praticada pelo médico goiano Aureo Ludovico) são considerados promissores, mas só podem ser feitos em protocolos de pesquisa aprovados por comitês de ética. “O que ainda está em aberto é qual é o melhor momento para a cirurgia’’, diz Szegö.
“Nós concordamos com essa indicação’’, diz o endocrinologista Antônio Carlos Lerario, da Sociedade Brasileira de Diabetes. “Para esses pacientes, a cirurgia bariátrica é altamente validada.’’ Segundo Lerario, a cirurgia pode ser indicada para pacientes com IMC entre 30 e 35 que já tenham complicações do diabetes.
“Porém, a cirurgia nunca deve ser a primeira opção de tratamento’’, ressalva o médico Carlos Lerario. “É algo traumático e sempre envolve riscos.’’ Portanto, primeiramente deve-se tentar controlar a doença com mudanças no estilo de vida, como adoção de dieta e exercícios, e medicamentos, quando for o caso.

Os benefícios da cirurgia nos diabéticos já eram observados, mas nunca havia sido feita uma discussão científica dessa maneira.”
Thomas Szegö, presidente da SBCB



Texto é assinado por 22 associações

Um consenso com posição similar acaba de ser publicado no Annals of Surgery, resultado de uma discussão que ocorreu durante o Diabetes Surgery Summit, realizado em Roma, em 2007. O documento foi assinado por 22 associações médicas e científicas.
Para os autores, o texto se baseia em evidências que mostram que a cirurgia pode controlar a doença em obesos mórbidos mesmo antes de uma perda de peso significativa. Eles ressaltam a importância da segurança do paciente, mas legitimam a cirurgia como alternativa para diabéticos tipo 2 cuidadosamente selecionados. Pesquisadores da Universidade de Chicago estimam que, em 25 anos, haverá duas vezes mais americanos com diabetes. Hoje, há 24 milhões de pacientes. Com isso, os gastos serão triplicados, segundo um artigo publicado na Diabetes Care.



Revolução na Medicina

O Diário da Manhã, no dia 18 de novembro, publicou o caderno Revolução na Medicina, em que traz a versão do médico Aureo Ludovico, pioneiro no procedimento de transposição ileal para tratar o diabetes. Na ocasião, a reportagem trouxe os depoimentos de inúmeras pessoas e médicos que endossam a prática, apesar de Aureo sofrer bombardeio na mídia de médicos e leigos que apontavam ilegalidade na cirurgia.
A maioria das críticas foi desferida por parcela de pro- fissionais com inveja do sucesso do médico (que realizou procedimentos em pessoas famosas de todo o mundo); outra parcela de críticos era composta de precavidos. Por fim, a maioria das pessoas que criticou Aureo era completamente desinformada quanto aos procedimentos éticos, legais e administrativos que regem o Conselho Federal de Medicina (CFM), a SBPC e a prática científica. Apontada como ilegal, a cirurgia sequer foi objeto de processo administrativo pelo CRM – fato que impedia o julgamento precipitado da comunidade leiga e médica que desconhece os estudos publicados por Áureo nas revistas científicas.
Na reportagem publicada pelo DM, o médico reiterou que inexistia ilegalidade, visto que um mandado de segurança garantiu a sua equipe a continuar realizando tais procedimentos. (W.C.)

Fonte: da folhapress, de SÃO PAULO